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Thursday, October 26, 2006

SEM ROMANTISMO


Queria falar de amor
Mas não consigo
O que tenho no peito é dor
Quero um abrigo
Sei que amo, sei que gosto
Quando no teu peito encosto
Alivio a solidão
Sei que não deveria
Mas acho que tudo isso é pouco
Por que tudo não dá certo
Como quando está por perto
E em nosso pensamento
O que importa é o momento?
Mas depois que tudo passa
O que encaro é a vida
Sempre dura, tão cruel
Parecendo sem saída
Tantas lutas, tantos monstros,
Tantas noites mal dormidas
Fico eu então torcendo
Por mais um desses momentos
Que aliviam as feridas
Você sempre tão incrível
Quase sempre disponível
Só aumenta minha culpa
Pela ausência que não escolho
Mas não posso evitar
Você precisa acreditar
Que na verdade o que eu queria
Era tudo diferente
Uma simples existência
Com mais tempo pra gente
A cabeça bem vazia
E bem leve o coração
Preparados simplesmente
Pra viver só emoção

Sem romantismo não dá
Mas romantismo não há
Na vida que nunca escolhemos
Na vida que nunca quisemos

ESTÁ ESCRITO

Está escrito que escrever
É o que preciso
Está escrito que escrever
É a solução
Está escrito que a palavra
É a tradução
Do sentimento que não tem explicação
Está escrito que a palavra que eu escrevo
É a imagem de um som que eu já ouvi
Está escrito que na escrita eu desabafo
Eu choro, grito,
Dou risada até de mim
E nessa louca e deliciosa viagem
Em overdose de palavras, letras, pontos,
Posso ir embora, mundo afora
Me agrado, me aceito, me libero
E o melhor:
Levo comigo quem eu quero
Mas se quiser, que venha logo, não espero.

Saturday, August 19, 2006

FESTA VIRTUAL

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Ela chegou em casa às pressas, jogou a bolsa no sofá e cumprimentou o pai, que assistia televisão.
Esbaforida, foi logo ligando o computador que ficava na sala. Os pais não queriam saber de computador, internet e portas fechadas, pois a menina tinha apenas quinze anos. Não que não confiassem nela. Era uma jovem estudiosa e não andava se envolvendo em confusões. Em geral, as pessoas que a conheciam gostavam muito dela, pela meiguice e gentileza. Mas a gente ouve tantas histórias de jovens que se envolvem com mal intencionados via internet, que é melhor não arriscar. A intenção dos pais era a de protegê-la, não castigá-la.
-Não vai se trocar, menina?- perguntou o pai.
-Não dá, tô atrasada pra festa.
-Festa?
-É, pai. Festa on line.
O pai, curioso, aproximou-se da menina que digitava com uma rapidez impressionante, ao mesmo tempo em que dava risadas em frente ao pc. A menina combinara com vários amigos de entrarem ao mesmo tempo no “msn” e assim organizaram o que chamaram de festa virtual.
Um dos garotos colocou a disposição dos amigos um link, para que todos ao clicarem, ouvissem a mesma música. Seria a música da festa.A coisa era tão louca que, ao invés de usarem suas verdadeiras identidades, os meninos e meninas assumiam os papéis de personagens de desenhos animados, o que eles chamavam de” fakes”, uma palavra inglesa usada para denominar um perfil falso, mas que todos sabem não ser a verdadeira identidade daquele que o utiliza. Os “fakes” são utilizados em um famoso site de relacionamentos que virou uma febre na atualidade.
E a imaginação deles era incrível: nos diálogos descreviam cenários, convidavam amigos a sentarem-se à mesma mesa, tomavam drinks. Houve um que se dizia bêbado e falava um montão de bobagens, enquanto os amigos morriam de rir.
O pai, distanciando-se meio confuso com toda aquela loucura, começou a pensar e voltar no tempo. Que saudades do tempo em que as meninas e meninos planejavam festinhas onde cada um colaborava com um prato ou quantia e assim havia salgadinhos e refrigerantes. Todos antes da festa tomavam um bom banho, colocavam uma roupa bem bonita, as meninas faziam unhas, cabelos...Agora, se não tomar banho, tudo bem. Ninguém vai sentir o mau cheiro mesmo. Nem precisa trocar de roupa, você pode ficar de chinelos, camiseta e uma bermuda velha que não tem problema. Quem é que vai saber? Basta deixar a webcam desligada.Antes não. Todos se perfumavam e saíam para a casa de algum amigo que serviria de anfitrião para a festa. Todos conversavam cara a cara, olho no olho... As músicas eram ouvidas e dançadas por todos no mesmo espaço... Uma festa virtual naquele tempo seria inimaginável.E totalmente sem graça!
E o pai pensava:-Será que essa garotada se diverte de verdade? Não é uma coisa muito fria esse tipo de relacionamento, amizades?
Aproximou-se de novo da filha que acabara de aceitar um convite (virtual, é claro) de um garoto que a levaria em casa, pois a festa estava no final. Nesse momento, o pai suspirou e pensou consigo mesmo:
-Até que essa idéia de festa virtual não é tão ruim assim! Gostei!

Monday, June 05, 2006

CADERNO EM BRANCO

Vou esquecer as derrotas

Vou enxugar minhas lágrimas

Virar a página, fechar o caderno

E com uma nova caneta

De uma cor bem diferente

Escrever outra história

Deixo guardadas na gaveta

As lembranças do que passou

Mato dentro de mim

Todos os personagens

Para criar outros

Livres de cargas,

Leves, sem mágoas

Despindo-me das lembranças

Banho-me no esquecimento

Retiro de minha pele

As marcas de um tempo ruim

Vejo escoar pelo ralo

As águas escuras

Cheias de tristeza, amarguras

Agora de cara lavada

Minha alma ressurge renovada

Como um caderno em branco

E enquanto refaço a maquiagem

Fixo-me no espelho

Abro de novo a gaveta

Folheio o antigo caderno

Penso no que já passou

E sinto de novo a dor

Resolvo não mais guardar lembranças

E decidida acendo uma fogueira

Onde queimo o passado

Abafo em seguida a fumaça

Para ter a certeza

De que não o encontrarei de novo

Em alguma partícula no ar.

Caminho até o quintal

E depois de cavar uma cova

Debaixo da última árvore

Deposito ali as cinzas.

E após cobri-las com a terra do passado

Caminho com passos firmes

Livre, em direção ao futuro.

Sunday, June 04, 2006

RECOMEÇAR OU CONTINUAR...


Recomeçar...
Recomeçar a semana,
Recomeçar a rotina
A história recomeça.
Às vezes é uma história
A qual já se sabe o enredo
O começo, meio e talvez o fim.
Ou será que não,
Pois não tem fim?
É um ciclo, uma roda viva
Que parece só parar
Com o fim da própria vida.
Mas vamos em frente,
Enfrentemos
Por vezes conformados,
Alguns satisfeitos
Com os rumos que a vida segue...
Talvez até porque sua história
Tenha um final já sabido,
Porém feliz
Outros mais rebeldes
Ou simplesmente sonhadores
Ignorando incertezas e medo
Tentam tirar da vida surpresas
Tentam mudar da história o enredo
Sem medo de arriscar
Sabendo que na verdade,
Isso sim é que é recomeçar
Se negando a simplesmente
Continuar...

Friday, May 12, 2006

D E P R E S S Ã O




Tudo muito colorido no início
Luzes sons, risos, até gargalhadas
Qualquer coisa era motivo para grandes festas
Passado esse primeiro momento,
Já não se ouviam tantos risos.
As cores já começavam a desbotar
No lugar das luzes
Leve penumbra já se anunciava
Em lugar de festas,
Trabalho braçal...
Até que as cores
Antes desbotadas,
Desapareceram sem deixar lembranças
Não havia risos,
Choro também não havia
O que era trabalho
Tornou-se invalidez
E as luzes, essas sumiram
Restando apenas
A desesperança e a escuridão.

Monday, May 01, 2006

A PALAVRA NA ERA DA IMAGEM

Temos ouvido por ai que uma imagem vale mais do que mil palavras. Mas a palavra ainda conserva o seu lugar no papel de agente de comunicação entre os seres humanos. É bem verdade que as palavras podem ter seus significados modificados e até distorcidos no que diz respeito à oralidade e sofrer verdadeiras transformações nesta era de comunicação via internet, onde os códigos são completamente estranhos ao que seria considerado comum e normal a algum tempo atrás. E é justamente aí que a palavra exerce o seu fascínio. Com ela podemos criar sentidos dúbios, sutilezas, dar margens às mais variadas interpretações.

Com a imagem isso raramente acontece, salvo em casos de ilusão de ótica ou desfoque, talvez. De um modo geral, o que vemos é fato indiscutível. A imagem de um acontecimento veiculada pela televisão, por exemplo, terá sempre, ou quase sempre, o mesmo significado.

É claro que existem também aquelas imagens que são obras de arte e nos sensibilizam, porém sempre encontramos alguma palavra para expressar o que aquela imagem nos transmite. Mas ao olharmos para um substantivo grafado, imediatamente nos vem à mente a imagem que aquela palavra representa. Tal fato não ocorre não ocorre quando olhamos para um ser em relação ao seu nome.

A palavra escrita ou falada, pode servir de complementação à uma imagem, tanto é que a mídia está sempre se valendo de tais recursos para enriquecer ainda mais as mensagens que se pode transmitir.

Vale lembrar que nos primórdios da humanidade, o homem valeu-se das imagens desenhadas em cavernas para comunicar-se com os seus semelhantes. E acredita-se que davam o recado. Mas fez-se necessária a invenção da escrita.

Além desses aspectos, há também hoje em dia um fenômeno que poderíamos chamar de supervalorização da imagem pessoal. As pessoas lutam para obter um visual impecável, mas será que um corpo perfeito e um lindo rosto com uma boca irretocável e incapaz de proferir palavras com profundos significados têm lá todo esse valor? É claro que a imagem causa impacto. Pode-se valer das cores, formas, tamanhos, contrastes, enfim, tudo o que pode gerar em nós uma certa reação de agrado ou desagrado, dependendo do que é colocado diante dos nossos olhos. Mas supervalorizar a imagem em detrimento da palavra, talvez nos remetesse a um retrocesso que nos faria lembrar a pré-história, antes da invenção da escrita.

A imagem tem seu valor, sim, mas é fato indiscutível que quando usada no momento certo, a palavra pode valer tanto ou mais do que mil imagens..

Sunday, April 30, 2006

TEU TOQUE


Se não tenho vontade de ver o sol
Se não quero ouvir o som da chuva
Se não tenho alegria no vento batendo em meu rosto
Se as ondas do mar envolvendo meu corpo não me dão prazer
É que sinto falta do teu amor
É que eu quero ouvir a tua voz
Preciso sentir o teu toque
Teu abraço me faz reviver
Me tomas pelas mãos
Me ergues desta tumba interior
Onde jazem sonhos e esperanças
Ou apenas adormecem...
Diante de tua aparição
Volto a sentir vontade de sorrir
De cuidar de mim mesma
De olhar em meu próprio rosto
Perceber que ainda existo
Que estou viva, mesmo que não pareça
Que ainda posso ver as cores
Que a música ainda pode entrar
Por meus ouvidos, me fazer sonhar
Meus braços podes fortalecer
Pra muitas coisas ainda realizar
Pra sair desse deserto da alma
Pra saber que tudo isso é possível
Só com tua presença e nada mais...

A MENINA


A menina pretinha,
Carente e sozinha
A menina brigona,
Metida a mandona
Ela é tão agitada,
Não pára. É levada!
Ela é tão implicante,
É até arrogante.
É de uma simpatia
Que ilumina o dia
Com seus dentes tão brancos,
Sorriso tão franco
É tão inteligente,
Cativa a gente.
Tem jogo de cintura
Essa menina tão pura
Que por trás da beleza
Esconde a tristeza
De querer um carinho
E não ter em seu ninho
E esconde a amargura
De uma vida tão dura...

Saturday, April 29, 2006

ACONTECEU NO CIEP



Eu tive um aluno de 13 anos, metido a rapazinho que uma vez me desrespeitou fazendo uma piadinha que eu não me lembro mais qual foi e sentiu-se o máximo quando os colegas riram.
Calmamente falei-lhe que no dia seguinte só entraria em minha aula depois que eu conversasse com o seu responsável. Ele respondeu:
-“Problema”! Eu assisto aula só de manhã (eu dividia a turma com uma colega, ela pela manhã e eu à tarde).Minha mãe trabalha e meu pai não mora comigo.
Disse a ele que isso não era problema meu e que desse um jeito. Só que no fundo eu sabia que ninguém iria aparecer e eu não podia deixá-lo sem assistir aula. Mas também não podia ficar desmoralizada perante a turma.
No dia seguinte, fui à sala dele pela manhã e dei-lhe outra opção: Teria que se desculpar diante dos colegas. Ele aceitou. Mas esse tipo de aluno acaba virando um desafio para mim e não fico satisfeita enquanto não o transformo em meu amigo. E é justamente a esses que eu mais me apego.
Fui levando até que a escola organizou um passeio à Bienal do livro e como não tinham muitas vagas, só poderiam ir os alunos escolhidos pelo professor. Hoje em dia não podemos mais fazer isso pois tudo se transformou em "constrangimento".Resolvi escolher esse garoto para tentar uma aproximação. Entreguei-lhe o pedido de autorização para a que a mãe assinasse. Ele ficou entusiasmado, mas quando soube que alguém teria que ir buscá-lo na porta da escola quando voltássemos, disse que não poderia ir, pois a mãe não iria mesmo.
Mandei um bilhete para a mãe dele perguntando se ela autorizaria que ele retornasse sozinho e a resposta foi sim. Fomos ao passeio, ele de braços dados comigo o tempo todo. Na volta, o ônibus passou em frente à casa dele e eu pedi ao motorista que o deixasse descer.
O tempo foi passando e ele cada vez mais meu amigo. No dia de seu aniversário dei-lhe um minigame de presente e ele ficou superfeliz.Cada vez mais eu gostava dele e ele de mim, a ponto dele me chamar de mãe. Passou a estudar mais e desenvolveu muito a leitura e a escrita, pois quando comecei a dar aulas para essa turma, o menino lia tão mal que quando chegava ao final da frase já tinha esquecido o começo. Terminou o ano interpretando textos grandes.
Enfim, tornou-se outra pessoa e até hoje tenho saudades, não só dele mas de toda aquela turma. Não só ensinei, mas também aprendi muito com eles.

CASO VERDADE


Segunda-feira. O dia já começara agitado para mim. Cheguei atrasada; tive que esperar o transporteescolar que levava minha filha ao colégio, ajudar minha sogra a se arrumar para ir ao médico...
Quando cheguei, as turmas já haviam subido. Saí procurando meus alunos e consegui reuní-los na sala de aula.
Os alunos, embora pequenos, agressivos como sempre.Agressividade gratuita. A todo instante algum aluno batia em outro sem motivo ou por motivo banal. Com essa turma não podia haver distração,pois eu ficava preocupada achando que podiam se machucar seriamente.
Nesse dia, dos vinte alunos presentes, oito não levaram lápis e quatro não levaram caderno. Como é difícil trabalhar assim! Os responsáveis não tinham nenhum compromisso com a vida escolar dos filhos. E tudo o que ganhavam da escola, perdiam, quebravam, "esqueciam" em casa... É incrível, mas até o uniforme que é oferecido pela prefeitura eles perdem, rasgam e isso dentro de uma ou duas semanas. Lógico que não eram todos, mas a maioria ia para a escola sem levar absolutamente nada. E era uma escola de horário integral.
Bem, aquela segunda-feira não foi diferente. Como se não bastassem todos os problemas, às dez horas começou o terror. Ouvíamos muitos tiros, de armas pesadas. Minha sala, que ficava virada para o morro, estava no caminho das balas. Tirei a turma da sala, abaixamo-nos no corredor, juntamente com as outras turmas. Gritos, crianças chorando e meia hora abaixada no chão com alunos.
Quando tudo parecia mais calmo, fomos para o refeitório. Almoçamos, subimos. Deixei a turminha na sala e desci para pegar a turma da tarde(nessa época eu dividia as turmas com outras colegas, pois a escola é de horário integral). Esses, já pré-adolescentes, espalhavam-se no pátio, tranqüilamente, como se nada tivesse acontecido. Já cheguei exigindo que subissem. Eles não discutiram, obedeceram na hora.
Com essa turma era bem mais fácil de se trabalhar, apesar de se tratar de uma progressão. Os alunos maiores cuidavam um pouco mais do material, pelo menos todos tinham lápis e cadernos, ainda que em péssimo estado de conservação(não todos, alguns eram extremamente caprichosos). E eu tinha uma relação de amizade muito grande com essa turma, acho que de todas as turmas que tive, com nenhuma outra me identifiquei tanto. Não que eu não gostasse da outra turma, afinal eram criancinhas de seis anos, mas o trabalho com a progressão era muito mais envolvente.
Bem, mas mal havíamos subido, o tiroteio recomeçou. Entramos embaixo das mesas. O barulho das balas vinha de muito perto e não tínhamos a noção exata de onde. Ficamos sabendo que uma bala atingiu uma das pilastras dos CIEP, bem próximo à janela da sala de uma colega. Indignados, nos reunimos e fizemos um documento onde suspendíamos as aulas no dia seguinte, pois ninguém tinha condições psicológicas. Todos assinamos. Estávamos tensos, abalados e temíamos pelas nossas vidas e de nossos alunos. Terça-feira não houve aula.

LIMITES NA INFÂNCIA, FUNDAMENTAIS PARA A FORMAÇÃO DO CIDADÃO


Quem me conhece sabe que costumo ser bastante compreensiva, tolerante e observo as circunstâncias em que cada fato ocorre. Mas o que tenho assistido são atitudes de extrema falta de educação e limites por parte das crianças e adolescentes. São poucas as crianças que respeitam regras, sabem a hora de falar e de calar, o tom apropriado para as situações. São egoístas, acham que podem tudo, não pensam nos colegas e não reconhecem autoridade. Muitos põem a culpa na mídia, outros na escola. Mas quer saber de uma coisa? A responsabilidade maior é e sempre será da famíia. A família está se omitindo de suas responsabilidades de educar seus filhos. Hoje a criança é colocada na escola sem a menor noção de comportamento adequado para estar lá. Espera-se que o professor ensine tudo. Não sabem parar para ouvir uma história, não sabem respeitar os colegas, esperar sua vez. Os pais precisam saber que o professor, por mais que queira, não poderá passar para todos os alunos, os valores que cabe à família fazê-lo. Por várias vezes já vi responsáveis por crianças que apresentam problemas de conduta na escola serem chamados para tentarmos solucionar juntos o problema e ouvir como resposta simplesmente"não sei mais o que fazer com este menino". Se um pai ou uma mãe perdeu o controle de sua criança, o que é que a escola poderá fazer? Ou pior: o pai ou (i)responsável dar toda a razão ao filhinho mal-educado. É claro que a escola sempre procura vários caminhos para a solução do problema, apoio de profissionais de outras áreas e muitas vezes costuma conseguir amenizar situação dentro do ambiente escolar. Mas e depois? Nenhuma criança vive somente na escola. Além do mais, o peso maior da formação do caráter da criança é sempre da família. Acho até que a escola está sendo muito paternalista e tentando assumir uma função que não é dela. Acho também que os governantes deveriam chamar os pais à responsabilidade. O ECA é muito importante, serve para punir os abusos e covardias cometidas contra os pequenos, mas está pecando pelo exagero. Tudo virou constrangimento e os pais estão se valendo disso para tentar tirar proveitos. Os professores vivem sob pressão, submetidos a todo o tipo de desrespeito por parte das crianças e jovens, apanhando na face esquerda e tendo que oferecer a direita. Tudo isso faz com que o ensino perca a qualidade cada vez mais. Vai chegar um tempo em que por maior que seja o salário oferecido, ninguém desejará ser professor. Vamos preferir ganhar menos e ter a saúde física, mental e neurológica preservada. É uma pena, porque as crianças não têm culpa e são as mais prejudicadas. Elas não nascem sabendo, precisam ser ensinadas e com urgência, antes que a sociedade se torne insuportável. Crianças crescem e têm que ser moldadas enquanto pequenas...

OS ERROS NA FORMAÇÃO DE BONS LEITORES




É muito comum ouvirmos por aí que o brasileiro não tem o hábito de ler. Há um pouco de controvérsia quanto a esta afirmativa.Quem costuma fazer uso de transportes coletivos como ônibus e metrô, por exemplo,pode dar uma breve olhada ao redor e ver que sempre há vários usuários entretidos com algum tipo de leitura. O maior problema não é a falta do hábito e sim a diversificação dos tipos de leitura.
É verdade que em nosso país há um grande número de analfabetos de fato e ainda os chamados analfabetos funcionais.Não se pode ignorar que os preços dos bons livros não costumam ser acessíveis à maioria das pessoas. Mas ainda há um aspecto mais importante: a forma como a literatura é apresentada ao estudante brasileiro.
Para começar, as leituras costumam ser obrigatórias e escolhidas pelo professor. E em geral essas literaturas são inadequadas à faixa etária dos leitores. O que acontece fatalmente é que o jovem acaba perdendo o interesse pela literatura. E esse caminho pode ou não ter volta.
Lembro-me de que quando eu estava na sexta série, a professora mandou que a turma lesse um livro de José de Alencar para que fizéssemos uma prova sobre a obra. José de Alencar é maravilhoso, mas os alunos estavam na faixa de onze,doze anos de idade e não tinham ainda cultivado o hábito de ler livros. Muitos desses alunos simplesmente passaram a odiar a literatura brasileira. Confesso que na época eu também não podia ouvir falar no assunto, mas felizmente consegui reverter esse processo de maneira tal que hoje sou apaixonada por todo o tipo de leitura.
Para que possamos contribuir na formação de leitores, não só os professores, como também os pais, devem ter muito bom senso e apresentar à criança as obras adequadas à sua idade de forma gradativa.Para isso é que existem as classificações em literaturas infantis, infanto-juvenis... Não se dá feijoada a um bebê recém-nascido.Primeiro ele precisa do leite materno para aos poucos poder degustar alimentos mais fortes e consistentes. Da mesma forma os livros devem ser apresentados aos pequenos. E não só como obrigação de fazer provas ou avaliações, mas pelo simples prazer de ler.É isso. A leitura precisa proporcionar o prazer de quem toma um livro e o abre movido pela curiosidade de seu conteúdo. E temos que dar o exemplo: se quisermos formar leitores, temos que nos mostrar leitores.
O hábito da leitura de qualidade precisa ser cultivado.Uma vez formado esse hábito, a diversificação de temas é só uma conseqüência natural. É como um vício, mas um vício benéfico.Os horizontes são ampliados de maneira fabulosa a quem costuma ler obras de autores variados, ficções ou não.
O brasileiro, se incentivado desde cedo, apreciará muito os livros. Mesmo com o custo alto das obras nas livrarias, o leitor habitual buscará caminhos alternativos, como bibliotecas públicas ou lojas especializadas em livros usados. E agora, contamos com mais um recurso: os e-books.
O Brasil está precisando de leitores que além de sentir prazer ao ler, saibam interpretar de maneira crítica e consciente as mensagens contidas em cada texto que lhes caia às mãos. A sociedade em geral só terá a ganhar.



Márcia Cristina Neves Reis

BRUXA SOLTA (histórias de uma escola)


Tinha dias que as coisas complicavam ainda mais do que o normal. Lembro-me de uma vez em que desci com minha turma para o almoço e resolvi deixa-los brincar um pouco no pátio. Havia outras turmas lá e com poucos minutos de brincadeira, um de meus alunos apareceu com a boca sangrando um pouco devido a uma briga. Não era nada sério, mas resolvi subir com a turma para evitar maiores problemas.
Levei-os para a sala de aula, mas como a escola é enorme, sempre tem alguns fujões que ficam pelo caminho e depois temos que ficar descendo para recolhê-los. Percebi que uns dois ou três alunos não subiram com a turma e desci pronta para dar uma bronca nos espertinhos e levá-los para a sala.
No meio do caminho encontrei minha aluna Suellen chorando e dizendo que um aluno havia morrido na quadra. Imediatamente ordenei que entrasse na sala e desci para ver o que estava acontecendo.
Quando cheguei no final da rampa, tinha uma aluna desmaiada. Eu não estava entendendo nada. Era uma menina de treze anos muito bonita, aluna da terceira série. Levantei-a com a ajuda de seus colegas e ela logo se reanimou. Disse que uma outra menina que ela nem conhecia direito havia lhe dado um soco na testa sem que soubesse o porquê. Vi que estava bem e a mandei me esperar na secretaria.
Segui em frente para ver o tal garoto que Suellen disse que tinha morrido. Ao chegar no pátio, percebi um grande tumulto. Um aluno desmaiado, sobre uma cadeira, a diretora e o inspetor tentando reanima-lo e nada. Uma de minhas colegas pegou seu carro no estacionamento e levou o menino de aproximadamente quinze anos para um hospital junto com a diretora adjunta. O carro com pouca gasolina e a professora quase sem dinheiro. Foram torcendo para que chegassem ao hospital em paz.
Conseguiram chegar, o menino foi atendido e após ficar em observação, foi liberado pelos médicos. Tudo aconteceu porque um dos alunos da Progressão, aquele tipo de turma onde os alunos estão com idade avançada, resolveu agredir o colega na quadra de esportes. Nessa turma tinha muitos adolescentes, inclusive com dezesseis, dezessete anos.
Um dos garotos era tremendamente rebelde com perfil de líder negativo, postura e atitude de bandido. Esse aluno vivia arrumando brigas com todos e fazendo ameaças aos colegas e funcionários da escola. Naquela tarde ele bateu violentamente com a cabeça do colega em um dos ferros que cercavam a quadra. Ao ver que o colega desmaiara, deu-lhe um puxão e segurando-o pelo pescoço atirou-o novamente contra o ferro. Foi uma tarde de muita tensão. Depois de passados os sustos, a diretora não teve outra alternativa senão transferir tanto o aluno que agrediu o colega quanto a menina que agrediu a outra, pois a convivência pacífica ente eles tornou-se inviável.

PROFESSORAS E ...PROFESSORAS!





Ela era uma jovem senhora que vivia como rica. Não que ganhasse bem, mas tinha um marido que bancava seus caprichos. Elas, crianças pobres, moradores de uma comunidade muito carente. Ela ensinava. Eles tentavam aprender. Nem sempre conseguiam muita coisa, eram tantos problemas em casa... E ainda por cima a alimentação era precária. Ela sempre bem vestida, cabelos brilhantes e bem escovados. No ar o cheiro de perfume caro. As crianças mal vestidas, despenteadas, algumas com os cabelos sujos e cheios de piolhos.
A moça não tinha tantas amigas. Por causa de sua postura, sempre se sentindo superior e olhando para as colegas como se com o seu simples olhar, colocasse cada uma delas em seu devido lugar. Mas havia uma outra moça. Essa sim, era sua amiga. Também vivia como rica. Não que tivesse um ótimo salário, mas era filha única e tinha pais que davam a vida e tudo o que se pode comprar por ela. As duas eram parecidas. Fisicamente, nem tanto. A jovem casada era morena e a amiga, loira.
No dia a dia faziam questão de deixar bem clara e evidente a grande distância que as separava daquelas crianças. Ao se aproximar da jovem casada, o menino entregou um desenho.
-É pra você, professora.
-Você, não! Senhora! Obrigada. – Disse olhando distraidamente o desenho que o menino lhe entregara, largando-o em seguida sobre a mesa.
A menina chegou bem perto da jovem loira e tocou-lhe os cabelos.
-Tira essas mãos sujas daí, menina! Acabei de lavar meus cabelos. Não vê que está me despenteando? – disse a jovem. E a menina se afastou sem falar nada.
E o ano foi passando assim. Cada vez mais forte e clara a linha que separava as crianças e seu mundo das jovens professoras.
Alguns percebiam que em outras turmas, professoras e alunos criavam laços de amizade e carinho. Claro que as tias não eram tão bem vestidas, nem usavam perfumes tão caros. Mas eram bem simpáticas. Muitas delas brincavam com seus alunos. Outras estavam sempre prontas a ouvi-los.
Até que o ano letivo acabou. Alguns alunos aprovados, outros reprovados... mas isso não importa. O importante é que as jovens professoras que estavam sempre bem vestidas e olhavam a todos como se estivessem em um degrau abaixo delas, entregaram a cada um de seus alunos, uma sacola. Em cada sacola havia uma bela roupinha e um brinquedo. Um presente para que aqueles alunos nunca se esquecessem de como eram bondosas as suas professoras.
Elas, as jovens professoras, vestidas impecavelmente como sempre, se despediram com votos de boas festas. Colocaram nos rostos seus óculos escuros, entraram em seus carros e saíram da escola com os corações leves como pluma. E com a certeza de terem feito uma boa ação e entrado de sola no chamado espírito natalino.



Márcia Cristina Neves Reis
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