Por um bom tempo em minha vida,fechava os olhos e via uma estrada longa e deserta, tipo “route 66".Mas não bastava querer.Nem sempre ela aparecia.Às vezes a estrada tinha vegetação.Em outras, apenas o chão, seco e duro.Algumas vezes vi nuvens, outras céu claro. Faz tempo que não vejo essa estrada.Acho que nossa trajetória na vida se parece com uma viagem numa estrada assim.Nem sempre ensolarada, às vezes nublada, às vezes seca, outras fértil.Mas sempre nos deixa marcas.Reflexos em nossa jornada.
Saturday, April 29, 2006
BRUXA SOLTA (histórias de uma escola)
Tinha dias que as coisas complicavam ainda mais do que o normal. Lembro-me de uma vez em que desci com minha turma para o almoço e resolvi deixa-los brincar um pouco no pátio. Havia outras turmas lá e com poucos minutos de brincadeira, um de meus alunos apareceu com a boca sangrando um pouco devido a uma briga. Não era nada sério, mas resolvi subir com a turma para evitar maiores problemas.
Levei-os para a sala de aula, mas como a escola é enorme, sempre tem alguns fujões que ficam pelo caminho e depois temos que ficar descendo para recolhê-los. Percebi que uns dois ou três alunos não subiram com a turma e desci pronta para dar uma bronca nos espertinhos e levá-los para a sala.
No meio do caminho encontrei minha aluna Suellen chorando e dizendo que um aluno havia morrido na quadra. Imediatamente ordenei que entrasse na sala e desci para ver o que estava acontecendo.
Quando cheguei no final da rampa, tinha uma aluna desmaiada. Eu não estava entendendo nada. Era uma menina de treze anos muito bonita, aluna da terceira série. Levantei-a com a ajuda de seus colegas e ela logo se reanimou. Disse que uma outra menina que ela nem conhecia direito havia lhe dado um soco na testa sem que soubesse o porquê. Vi que estava bem e a mandei me esperar na secretaria.
Segui em frente para ver o tal garoto que Suellen disse que tinha morrido. Ao chegar no pátio, percebi um grande tumulto. Um aluno desmaiado, sobre uma cadeira, a diretora e o inspetor tentando reanima-lo e nada. Uma de minhas colegas pegou seu carro no estacionamento e levou o menino de aproximadamente quinze anos para um hospital junto com a diretora adjunta. O carro com pouca gasolina e a professora quase sem dinheiro. Foram torcendo para que chegassem ao hospital em paz.
Conseguiram chegar, o menino foi atendido e após ficar em observação, foi liberado pelos médicos. Tudo aconteceu porque um dos alunos da Progressão, aquele tipo de turma onde os alunos estão com idade avançada, resolveu agredir o colega na quadra de esportes. Nessa turma tinha muitos adolescentes, inclusive com dezesseis, dezessete anos.
Um dos garotos era tremendamente rebelde com perfil de líder negativo, postura e atitude de bandido. Esse aluno vivia arrumando brigas com todos e fazendo ameaças aos colegas e funcionários da escola. Naquela tarde ele bateu violentamente com a cabeça do colega em um dos ferros que cercavam a quadra. Ao ver que o colega desmaiara, deu-lhe um puxão e segurando-o pelo pescoço atirou-o novamente contra o ferro. Foi uma tarde de muita tensão. Depois de passados os sustos, a diretora não teve outra alternativa senão transferir tanto o aluno que agrediu o colega quanto a menina que agrediu a outra, pois a convivência pacífica ente eles tornou-se inviável.
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