Por um bom tempo em minha vida,fechava os olhos e via uma estrada longa e deserta, tipo “route 66".Mas não bastava querer.Nem sempre ela aparecia.Às vezes a estrada tinha vegetação.Em outras, apenas o chão, seco e duro.Algumas vezes vi nuvens, outras céu claro. Faz tempo que não vejo essa estrada.Acho que nossa trajetória na vida se parece com uma viagem numa estrada assim.Nem sempre ensolarada, às vezes nublada, às vezes seca, outras fértil.Mas sempre nos deixa marcas.Reflexos em nossa jornada.
Saturday, April 29, 2006
OS ERROS NA FORMAÇÃO DE BONS LEITORES
É muito comum ouvirmos por aí que o brasileiro não tem o hábito de ler. Há um pouco de controvérsia quanto a esta afirmativa.Quem costuma fazer uso de transportes coletivos como ônibus e metrô, por exemplo,pode dar uma breve olhada ao redor e ver que sempre há vários usuários entretidos com algum tipo de leitura. O maior problema não é a falta do hábito e sim a diversificação dos tipos de leitura.
É verdade que em nosso país há um grande número de analfabetos de fato e ainda os chamados analfabetos funcionais.Não se pode ignorar que os preços dos bons livros não costumam ser acessíveis à maioria das pessoas. Mas ainda há um aspecto mais importante: a forma como a literatura é apresentada ao estudante brasileiro.
Para começar, as leituras costumam ser obrigatórias e escolhidas pelo professor. E em geral essas literaturas são inadequadas à faixa etária dos leitores. O que acontece fatalmente é que o jovem acaba perdendo o interesse pela literatura. E esse caminho pode ou não ter volta.
Lembro-me de que quando eu estava na sexta série, a professora mandou que a turma lesse um livro de José de Alencar para que fizéssemos uma prova sobre a obra. José de Alencar é maravilhoso, mas os alunos estavam na faixa de onze,doze anos de idade e não tinham ainda cultivado o hábito de ler livros. Muitos desses alunos simplesmente passaram a odiar a literatura brasileira. Confesso que na época eu também não podia ouvir falar no assunto, mas felizmente consegui reverter esse processo de maneira tal que hoje sou apaixonada por todo o tipo de leitura.
Para que possamos contribuir na formação de leitores, não só os professores, como também os pais, devem ter muito bom senso e apresentar à criança as obras adequadas à sua idade de forma gradativa.Para isso é que existem as classificações em literaturas infantis, infanto-juvenis... Não se dá feijoada a um bebê recém-nascido.Primeiro ele precisa do leite materno para aos poucos poder degustar alimentos mais fortes e consistentes. Da mesma forma os livros devem ser apresentados aos pequenos. E não só como obrigação de fazer provas ou avaliações, mas pelo simples prazer de ler.É isso. A leitura precisa proporcionar o prazer de quem toma um livro e o abre movido pela curiosidade de seu conteúdo. E temos que dar o exemplo: se quisermos formar leitores, temos que nos mostrar leitores.
O hábito da leitura de qualidade precisa ser cultivado.Uma vez formado esse hábito, a diversificação de temas é só uma conseqüência natural. É como um vício, mas um vício benéfico.Os horizontes são ampliados de maneira fabulosa a quem costuma ler obras de autores variados, ficções ou não.
O brasileiro, se incentivado desde cedo, apreciará muito os livros. Mesmo com o custo alto das obras nas livrarias, o leitor habitual buscará caminhos alternativos, como bibliotecas públicas ou lojas especializadas em livros usados. E agora, contamos com mais um recurso: os e-books.
O Brasil está precisando de leitores que além de sentir prazer ao ler, saibam interpretar de maneira crítica e consciente as mensagens contidas em cada texto que lhes caia às mãos. A sociedade em geral só terá a ganhar.
Márcia Cristina Neves Reis
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment